segunda-feira, 4 de julho de 2016

Reminiscências de Belo Horizonte

Bom dia, queridos leitores. A saudade daquela grande aventura só aumenta dentro de mim. Foi um grande aprendizado passar seis meses junto ao Théâtre du Soleil. Mais incrível foi encontrar pessoas que acreditaram no meu potencial, colocando-se à disposição para investigar comigo na oficina e para ouvir um pouco da minha trajetória. Muito obrigada.

Divido com vocês aqui um pouco do que foram esses dias com jovens artistas de Belo Horizonte. As primeiras fotos são da oficina "O ator em jogo - treinamento e improvisação" realizadas no Centro Cultural São Geraldo. Em seguida, temos fotos da "Residência artística no Théâtre du Soleil: uma partilha de experiências" realizada no Centro Cultural Padre Eustáquio. As fotos são da querida Raquel Carneiro.

Obrigada e até logo!






















terça-feira, 7 de junho de 2016

Oficina do Jean-Jacques Lemêtre na Índia

Bom dia a todos!

O músico do Théâtre du Soleil estará em Pondicherry na Índia ministrando uma oficina para atores, músicos, dançarinos, cantores e aqueles que estiverem interessados em explorar a relação do corpo com a música.

A oficina acontecerá em agosto e será ministrada em inglês. Deixo abaixo a divulgação!




domingo, 17 de abril de 2016

Uma partilha de experiências em Belo Horizonte

Estamos chegando ao final desse projeto que possibilitou que eu experienciasse seis meses de muito aprendizado com o Théâtre du Soleil. Tenho muito a agradecer a todos que contribuíram para que esse sonho se concretizasse. Fico imensamente feliz de poder compartilhar toda essa minha experiência em Belo Horizonte, cidade querida que nunca teve a oportunidade de receber o Soleil... pelo menos não ainda.

Agora, convido todos vocês a participarem desse último evento onde vou apresentar mais sobre a minha experiência e o Théâtre du Soleil. Vamos lá?


Residência artística no Théâtre du Soleil: uma partilha de experiências
A partilha de experiências consiste em um espaço de diálogo entre artista residente e público onde a atriz Juliana Birchal compartilhará a sua vivência com o Théâtre du Soleil - um dos mais reconhecidos no cenário teatral internacional. O público também terá a oportunidade de conhecer uma pouco mais sobre o trabalho dessa trupe, os percalços, as conquistas e as dificuldades de continuar resistindo como trupe de teatro na atualidade.

Data: 18 de abril
Horário: das 19h00 às 20h00
Local: Centro Cultural Padre Eustáquio (Rua Jacutinga, 821 - Bairro Padre Eustáquio).
Entrada gratuita.



quarta-feira, 6 de abril de 2016

Oficina no Centro Cultural São Geraldo

Bom dia a todos e todas!

Na semana que vem iniciarei os eventos aqui em Belo Horizonte com a oficina O ator em jogo - treinamento e improvisação no Centro Cultural São Geraldo.  A oficina traz alguns aprendizados da residência que realizei no Théâtre du Soleil e é totalmente gratuita. As inscrições vão até essa sexta!


Oficina: O ator em jogo – treinamento e improvisação 

A oficina propõe investigar as ferramentas básicas do trabalho do ator como a ação, a imaginação, a escuta, a musicalidade, o “estar no presente” e o jogo. Inspirada pelo modo de trabalho do Théâtre du Soleil, a oficina reúne exercícios que vão do treinamento individual à improvisação coletiva.

Juliana Birchal é atriz formada pelo CEFAR (2008-2010) e licenciada em teatro pela UFMG (2008-2013). Desde 2013 explora a linguagem das máscaras teatrais e da improvisação como ferramentas de trabalho para o ator. Entre os anos de 2014 e 2016, Juliana realizou uma residência artística de seis meses na trupe francesa Théâtre du Soleil com os recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.

Público-alvo: estudantes e profissionais de teatro a partir de 15 anos.
Número de vagas: 20 vagas
Data: 11 a 15 de abril
Horário: das 13h30 às 17h30
Local: Centro Cultural São Geraldo (Av. Silva Alvarenga, 548 - Bairro São Geraldo).
Inscrições: enviar currículo breve e carta de interesse para jlbirchal@gmail.com até o dia 08/04.



segunda-feira, 28 de março de 2016

Programação em Belo Horizonte!

No mês de abril, estarei em Belo Horizonte realizando três eventos para compartilhar as experiências vividas com o Théâtre du Soleil ao longo dos seis meses de residência.

O primeiro evento se trata da oficina O ator em jogo - treinamento e improvisação direcionada para estudantes e profissionais de teatro. Nela, será investigadas as ferramentas básicas do trabalho do ator como a ação, a imaginação, a escuta, a musicalidade, o "estar no presente" e o jogo, do treinamento individual à improvisação coletiva.

O segundo evento, ligado ao primeiro, consiste na Mostra da oficina aberta ao público no qual o público será convidado a testemunhar um pouco do trabalho prático realizado com os participantes da oficina.

O terceiro evento intitula-se Residência no Théâtre du Soleil: uma partilha de experiências, momento em que eu apresentarei a minha experiência com a trupe, os aprendizados e questionamentos sobre o fazer teatral na contemporaneidade. O intuito é promover um espaço de diálogo e compartilhamento com o público.

Todos os eventos são gratuitos!

Abaixo segue a programação!



terça-feira, 15 de março de 2016

Despedidas

Essa foi a minha última semana no Théâtre du Soleil. A minha grande aventura que se iniciou em outubro de 2014 agora encontra o seu fim. Foram seis meses de muito aprendizado. Primeiro passei três meses trabalhando na temporada de Macbeth onde pude observar a rotina de apresentações da trupe francesa, passear pelos camarins e ajudar na mise en place; um ano depois fui encontrar o Soleil na Índia, primeiro como participante da École Nomade e depois como testemunha dos primeiros passos da nova criação; por fim, fui reencontrar o Théâtre du Soleil na França ainda em processo de criação, passando por altos e baixos. Foi realmente uma grande aventura e saio dela diferente de quando tudo começou.

Essa última semana foi repleta de despedidas como vocês devem imaginar. Mas, não do jeito que vocês imaginam. Enquanto eu já estava em ritmo de partida, o Soleil estava a pleno vapor.

O início da semana foi marcada pela chegada do Odin Teatret que vai realizar uma série de atividades na Cartoucherie no mês de março. Os atores do Soleil ficaram excitados com os novos companheiros de almoço que, acredito eu, talvez estivessem igualmente empolgados. Eugênio Barba e Ariane Mnouchkine, além de grandes encenadores também são grandes amigos. Ambos resistem há 52 anos com seus respectivos grupos e fazeres teatrais.

Apesar de muito amigável, a visita dos parceiros do norte causaram muitas reviravoltas na rotina dos "franceses". Algumas manhãs de treino foram presenciadas por membros do Odin, como o próprio Eugênio Barba, o que causou certo desconforto entre os atores. Um dos galpões do Soleil foi adaptado para ser ocupado pelo grupo dinamarquês, fazendo com que ambas as trupes tivessem que se adaptar para co-habitarem o mesmo espaço.

Aqui é preciso uma pequena explicação. O Théâtre du Soleil possui dois grandes espaços: os galpões principais compostos pelo bar, cozinha, ateliê dos técnicos, palco e camarins; e um outro galpão onde fica a sala de costura, os figurinos e a sala de ensaios. Até esse momento, todos os ensaios aconteciam nessa sala de ensaios. Menor que o palco, a sala de ensaios possui um pequeno espaço de camarins e uma pequena arquibancada que comporta basicamente Ariane Mnouchkine e atores. Ao lado da sala de ensaios fica a sala de costura onde as figurinistas trabalham e onde os atores garimpam as vestimentas de seus personagens.

Pois bem, justamente nesta semana, a trupe fez a transição da sala de ensaios para o palco, apesar de não ser ainda uma transição definitiva. Mesmo assim, a passagem de um galpão a outro é um tanto quanto simbólica. Nesse palco, Ariane Mnouchkine apresentou sua primeira maquete cenográfica. Os técnicos e os iluminadores puderam colocar em práticas algumas ideias já previstas para a cena. Os atores puderam vislumbrar mais concretamente o espaço ficcional.

Foi nessa semana também que finalizou o período de estágio com o petit bateau. O petit bateau era um pequeno grupo de atores-aprendizes que estavam em teste para participar do novo espetáculo do Théâtre du Soleil. Carinhosamente apelidado de "pequeno barco" - uma alusão à imagem de um navio frequentemente utilizada por Mnouchkine para descrever o Soleil - esses atores participavam das improvisações, propunham visões e "concoctavam" com a ajuda de atores experientes da trupe. Ao final da semana, Mnouchkine decidiu que infelizmente não era o momento do petit bateau compôr o grand bateau.

Foi no meio de todos esses eventos que eu vivi um pouco secretamente a minha despedida daqueles grandes galpões, dos almoços cheios e barulhentos, dos banhos de sol depois do almoço, dos camarins, dos ateliês, do barulho de serralheria, da imensidão de cores e tecidos, do silêncio da Cartoucherie, das noites intermináveis dentro da sala de ensaio... São tantas lembranças que parece que eu vivi uma vida inteira lá dentro.

Agradeço imensamente ao Soleil que me abriu as portas sem mesmo me conhecer direito; que me deixou entrever momentos íntimos, momentos de dor e momentos de alegria; que me deixou conhecer as alegrias e os desgostos de se fazer teatro em grupo... Desejo que vocês continuem a resistir mesmo com todas as mudanças de vento.


Muito obrigada.... e até breve.

segunda-feira, 7 de março de 2016

Ponto de retorno

"Aos observadores: eu não sei vocês se dão conta da sorte que vocês tem de estarem aqui, de ver uma companhia como o Soleil passar por dificuldades... Fazer teatro é difícil!"  Essas foram as palavras que Ariane Mnouchkine dirigiu a um pequeno grupo de quatro observadores.

Assim como qualquer companhia de teatro comprometida com o fazer artístico, o Théâtre du Soleil também encontra os seus momentos de dificuldade. Normalmente, eles se dão na adolescência (como é normal de se dizer por lá), mas nesse espetáculo foi durante a infância ainda que as dificuldades apareceram. Dias em que nada parece funcionar. As visões são escassas, as improvisações parecem que não tem nada a acrescentar ao tema principal, os atores não conseguem jogar e Ariane Mnouchkine não consegue ajudá-los.

Nesses dias, Madame Mnouchkine fica muito tempo em silêncio. Porque não funciona? Onde está o problema? O que dizer para os atores para ajudá-los em cena? Essas são as perguntas que eu imagino que devem passar pela sua cabeça. Um dia de dificuldades às vezes resulta em uma manhã (ou num dia inteiro) de brainstorming - método em que um grupo de pessoas se reúnem para produzir ideias a fim de estimular a criatividade e impulsionar o projeto adiante. Enquanto isso, o restante da trupe continua o seu trabalho de treinamento.

Em momentos de dificuldade, tudo é repensado. Será que o tema é instigante o suficiente? Será que os atores receberam todas as informações necessárias para a criação? Ariane Mnouchkine fala sobre o "ponto de retorno" utilizado pelos pilotos de avião. O "ponto de retorno" seria o ponto limite em que o piloto ainda pode voltar atrás no caso de alguma emergência. Depois desse ponto, não há nada que possa ser feito, apenas continuar em frente. Eu não sei dizer se o Théâtre du Soleil chegou nesse ponto. Nem eles sabem.  Mas, até o presente momento, todos acreditam que esse é um projeto potente o suficiente para continuar em frente.

As reuniões ajudam a precisar alguns aspectos dramatúrgicos ou estilísticos. Os atores reunidos no brainstorming produzem improvisações a partir das discussões geradas e estas ajudam o restante da trupe a compreender com mais clareza o que Mnouchkine procura.

É mais fácil reproduzir algo que já se conhece do que se jogar no desconhecido. O sucesso e o reconhecimento do Soleil não fazem o espírito criativo se calar. Aos 77 anos recém completos, Ariane Mnouchkine é inquieta. "Se estivéssemos criando Le dernier caravensérail essa improvisação seria perfeita... mas esse é outro espetáculo". Uma nova criação movida por uma trupe que continua caminhando em frente e não se vangloriando das conquistas passadas. O que é importante de se dizer em 2016? O que nos move hoje?

O risco de experimentar algo novo. O risco do erro, do fracasso. O risco de tocar assuntos delicados, mas sempre com uma clareza política incrível. "Somos e não somos Charlie Hebdo ao mesmo tempo". Ariane toma o risco de fazer algo novo, diferente do que ela já fez.

É muito bonito ver uma trupe se reinventar depois de 50 anos de vida. E nesse assunto, Dostoievski disse muito bem: "errar em nosso caminho é melhor que acertar em caminho alheio".*

*Citação do livro "Crime e Castigo".